Novembro, 2018, um CEJUSC em São Paulo, a escrevente me chama discretamente e me comenta de um caso que o coordenador quer me encaminhar.
Momentos depois estão na minha mesa: um casal já divorciado com seus respectivos advogados, um casal que adotou temporariamente a filha dos divorciados por orientação do Conselho Tutelar, e entram dois escreventes e dois estagiários na sala.
Ambiente tenso, os advogados não me deixam iniciar os trabalhos querendo dar a sua versão das outras reuniões, enfim peço calma e respiro profundamente.
Em frações de segundo recordo cenas de quase vinte anos atrás, na empresa com a presença de uma mediadora, em que se queria falar ao mesmo tempo e sem paciência para escutar o outro.
Deixo os pensamentos passarem e iniciamos as abordagens.
Mais de duas horas depois, os entraves começam a se dissolver, e agora com os advogados participando na dissolução dos conflitos, emerge uma solução que vai sendo moldada para atender a todos.
Meus pensamentos voltam anos atrás e por imagens do caminho percorrido, e por todas as aberturas e novas construções, as quais fui passando ao longo dos anos.
Voltando ao presente, o termo é redigido; e os advogados me pedem que chame a adolescente para dentro da sala e relate como se chegou a solução e a contribuição de cada qual. Momento de muita emoção, reconciliação, choro e abraços.
Depois em conversa informal os escreventes e estagiários querem saber qual foi a receita ou a formula. Não sei se isto existe como tal, sei que foi um caminho de aprendizado, de reflexão e transformação.

Meu agradecimento a toda a equipe do Instituto Mediativa.

RONALD SETTON
Mediador

RONALD SETTON,